Eles
Renato e Cristiane Cardoso respondem a essa e outras dúvidas
publicado em 22/12/2013 às 00:05.
Por Ivonete Soares / Foto: Demetrio Koch
se dedicam exaustivamente para que as pessoas alcancem a realização sentimental; não apenas vivam um grande amor, mas aprendam a colocar a fé inteligente em ação, sem se deixar levar pelas emoções, principais causadoras de tantos fracassos amorosos no mundo.
Casados há 22 anos, eles são companheiros, parceiros, e estão sempre juntos na mesma caminhada. Em entrevista exclusiva ao Universal.org, Renato e Cristiane destacam pontos essenciais para se chegar a um relacionamento feliz, buscado por tanta gente. Confira abaixo:
Universal.org: Por que os casamentos de hoje (especialmente) duram tão pouco tempo? O que está acontecendo com a vida amorosa das pessoas?
Renato: Por várias razões, porém, a gente percebe que não têm dado certo especialmente porque eles começam errado. Ou seja, muitos casam para sair da casa dos pais, para ter uma vida estabilizada, ser feliz, ou porque se apaixonou, engravidou, para ter sexo, enfim, as pessoas usam as mais variadas razões “erradas” para se casar. Então, quando chega o convívio, o dia a dia de um casamento, elas percebem que aquelas razões pelas quais se casaram não conseguem sustentar a relação.
Universal.org: Na opinião de vocês, existe um parceiro ideal? Como ser e ter esse parceiro ideal?
Cristiane: Não, não existe um parceiro ideal. Todos nós somos falhos, temos defeitos, até porque parceiro ideal é Deus. Se a pessoa ficar procurando alguém perfeito, pode sentar, porque não vai achar. O certo é saber se ajustar às pessoas. É como o Renato falou: se a pessoa começa um relacionamento pensando em si própria, ou seja, nas suas necessidades, vai chegar uma hora em que ela não vai aguentar o parceiro, e é por isso que os relacionamentos fracassam. Agora, quando ela entra em um relacionamento desejando fazer a outra pessoa feliz, ela vai relevar muita coisa; ela não vai ter problemas, por exemplo, de mudar para se adequar ao companheiro (a), o que hoje em dia é um problema, porque as pessoas não querem mudar. Muitos não gostam quando a gente fala: “Olha, você precisa mudar!’ E eles nos dizem: “Como assim? Não sou eu que tenho de mudar, é ele!” Quer dizer, esse é um ponto de vista egoísta. Mas quando eu amo e quero fazer o meu marido, a minha esposa, feliz, eu vou mudar. Então, parceiro ideal é esse: é você desejar fazer a outra pessoa feliz, é não ser egoísta.
Renato: Essa questão de parceiro ideal é fantasia, porque se você tivesse o poder de desenhá-lo, dentro de 6 meses enjoaria dele. Você acharia defeitos naquele que você desenhou, porque você é falho. Então, não existe parceiro ideal, não existe parceiro perfeito, existem pessoas reais com qualidades e defeitos, e você tem de aprender a se adaptar a elas.
Universal.org: Vocês sempre falam, nas palestras e cursos que promovem, uma frase bastante interessante, que “casamento é administrar problemas”. O que ocorre, porém, é que as pessoas não estão muito dispostas a isso, não é mesmo?
Renato: Não estão dispostas ou talvez não saibam como fazer isso. É a ideia que falamos anteriormente: as pessoas têm entrado no relacionamento pelas razões erradas e pelos sentimentos, só que sentimento não resolve problema, o que resolve é a inteligência. É aí que está o problema: as pessoas têm usado apenas o coração, e não a cabeça. O ser humano é altamente adaptável. A habilidade que ele tem de adaptação é muito grande, maior do que qualquer outro ser vivo. Você coloca o homem no deserto, ele consegue viver; coloca no Polo Norte, o mesmo acontece. Ou seja, ele se adapta. Mas ele não tem transferido essa habilidade para o relacionamento, ou seja, ele quer que a outra pessoa se adapte a ele, mas não quer se adaptar a ela, quer impor. Ele está disposto a se adaptar ao ambiente, ao país, à cultura, ao clima, a tudo, mas dentro do relacionamento ele não quer se adaptar. Sendo assim, não tem como sobreviver no relacionamento.
Universal.org: Quando vocês perceberam essa necessidade de ajudar as pessoas a alcançar uma vida a dois saudável e feliz?
Renato: Quando vimos as pessoas cometendo os mesmos erros que nós cometemos no nosso casamento. Levamos 12 anos para acordar às coisas que hoje ensinamos, no entanto, aprendemos na dor; tivemos de gemer para chegar onde estamos. Veja que hoje em dia as pessoas participam, por exemplo, de um curso “Casamento Blindado”, passam lá 10, 12 horas e aprendem muito mais do que nós, em 12 anos de convívio. Então, por que decidimos ajudar? Porque pensamos: as pessoas estão errando por falta de conhecimento. Foi aí que nasceu a ideia de começar esse trabalho. Mesmo não tendo todas as respostas, o que sabemos e aprendemos, compartilhamos.
Universal.org: Vocês tomam conhecimento dos resultados dessa dedicação toda? Como se sentem?
Renato: Sim, mas nos sentimos insatisfeitos, porque ainda é pouco diante das necessidades. Contudo, é bom saber que o nosso trabalho tem surtido efeito, é justamente o que nos motiva a continuar. Mas, ainda assim, é muito pouco. O nosso sonho é causar um impacto na sociedade, uma mudança; mudar, principalmente, a cabeça dos jovens, para que daqui a alguns anos a destruição não aconteça tão rapidamente, como tem ocorrido hoje.
Universal.org: Como é o Renato e a Cristiane longe disso tudo? O casal, parceiro, amigo e pais também?
Cristiane: (risos) Somos um casal normal, como qualquer outro. Acho até que expomos muita coisa um do outro, mas, no geral, levamos uma vida corrida. Ainda temos que relevar muitas coisas de nós mesmos, mas fazemos isso há tanto tempo que não é mais nenhum sacrifício como era antes, até porque nos acostumamos com as diferenças. A nossa vida é essa: programa, rádio, Igreja, enfim, uma vida comum. Mas, é claro que reservamos um tempinho para nós e, ao menos um dia da semana, saímos ou assistimos a um filme. Esse tempo longe de tudo é muito importante.
Renato: Mesmo quando não estamos na tevê ou trabalhando, a nossa conversa é sempre essa. Temos, inclusive, vários projetos que ocupam o nosso tempo, o que nos deixa muito felizes, afinal, nos permite aprofundar no assunto, tratar de casos diferentes. Muitas vezes, quando acontecem situações entre nós e são resolvidas, logo pensamos: isso pode servir para alguém, vamos passar essa técnica para outras pessoas. Ou seja, estamos sempre com a antena ligada.
Universal.org: Vocês falam muito sobre a importância do diálogo entre o casal, o colocar para fora o que se sente, a angústia, os medos, as raivas. O diálogo é tudo num relacionamento?
Renato: Sem dúvida, o diálogo é a manutenção de um relacionamento. Assim como se necessita ir ao médico com uma certa frequência para fazer um check-up ou levar o carro para a revisão, o casamento também precisa de uma manutenção. E o diálogo é exatamente para isso, do contrário, as coisas vão se acumulando, sem resolver, e quando a pessoa se dá conta, tem um problema sério. Por isso, bom é estar sempre reavaliando e fazendo essa manutenção.
Universal.org: Para vocês, qual o inimigo “número 1” de um casal?
Renato: Os erros mais comuns são derivados do uso da emoção. O ser humano, de uma forma geral, age muito pelo impulso. Somos muito inteligentes, mas na hora da dor tendemos a reagir de acordo com o que estamos sentindo, ou seja, raiva, vontade de dar o troco, com tristeza, enfim, tudo proveniente de uma emoção. Os casais, em sua grande maioria, agem baseados no que estão sentindo, gerando assim vários outros problemas, como brigas, ciúmes, traições. A meu ver, o maior problema hoje é a pessoa não se conhecer emocionalmente e não saber lidar com as emoções do outro.
Cristiane: O egoísmo é um grande problema. O fato de a pessoa pensar muito nela não a deixa se colocar no lugar da outra. Ela não consegue pensar: “Poxa, ele está chateado, por isso brigou comigo. Bom, eu vou relevar!” As pessoas não conseguem fazer isso hoje. No passado, fazia-se muito mais, elas tinham a consciência de que se casavam para viver o resto da vida ao lado daquela pessoa. As mulheres, principalmente, relevavam muito mais. Hoje, pelo fato de estarem tão liberais, cheias de direitos, um quer, outro não, ninguém releva, ninguém sacrifica, ninguém dá um passo atrás, está todo mundo querendo competir. Alguém tem de relevar, do contrário, fica difícil um casamento dar certo.
Universal.org.: Cristiane, você postou, recentemente, um texto em seu blog pessoal que diz o seguinte: “Através de uma boa comunicação a mulher traz paz ao seu lar. Ela pode ser uma ótima dona de casa, mas se não puder se expressar, não conseguirá ser também uma ótima esposa e mãe... e o marido inteligente ouve a sua esposa...” A qual comunicação você se refere?
Cristiane: A boa comunicação que eu quis dizer aí é a racional, e não a emotiva. O que normalmente acontece é aquela comunicação da esposa que, quando o marido chega em casa, ela descarrega todos os seus problemas nele e lembra de coisas que aconteceram. Enfim, essa comunicação é errada e não traz paz. Uma boa comunicação, por exemplo, é daquela mulher que, quando vê o marido quieto, chateado, não insiste numa conversa. A maneira de ela agir vai trazer paz ao lar, e eles não vão brigar, e, no momento certo, o marido vai desestressar. A mulher tem o dom de trazer essa paz, e a mulher sábia conhece o esposo, ela sabe a hora certa de falar, ela não traz problemas e nem os cria. Ela é muito importante na família, porque traz harmonia, enfim, se ela estiver bem, todos também ficarão. É importante, também, que o homem mantenha esse bom humor na mulher. Como? Dando-lhe atenção, ouvindo, compartilhando.
Universal.org: “120 minutos para blindar seu casamento” (foto) é o novo livro de vocês. Como é possível blindar um casamento em tão pouco tempo?
Renato: Sim, 2 horas (risos). Na verdade, as pessoas estão muito ocupadas, e para você achar alguém que lhe dê 1 hora, ou para tirar essa hora para si, está bem difícil, que dirá para fazer o nosso curso, que são vários dias, ou mesmo para ler o livro “Casamento Blindado”, que é mais denso e longo. Ou seja, nem todo mundo consegue. Foi aí que tivemos a ideia de fazer o quadro “1 minuto do casamento”, que vai ao ar pela Rede Record, de segunda a sexta-feira. São dicas que a pessoa recebe e, sem que ela perceba ou gaste tempo, vai registrando e repetindo no seu dia a dia. Como tem ajudado muita gente, por que não reunir essas dicas em livro? Porque nem todo mundo está assistindo a tevê naquele momento, não é mesmo? Foi o que fizemos: reunimos essas dicas em livro; você poderá abrir em qualquer página e terá ali uma dica preciosa para aplicar no seu casamento.
Universal.org: Que mensagem vocês gostariam de deixar aos nossos leitores?
Cristiane: O nosso maior segredo é a nossa fé prática em Deus, Não fosse a nossa fé, não conseguiríamos fazer o que fazemos, não seríamos felizes, tampouco teríamos essas inspirações dando tão certo. Tudo vem de Deus, e todo crédito é dado a Ele. Assim como nós O servimos, Ele nos honra. Quando você tem essa fé viva em Deus, você pode ser feliz.
Renato: Não queremos ser a voz que clama no deserto. Precisamos de pessoas que acreditem nessa mensagem do amor inteligente e abracem essa causa, evangelizem outras pessoas, casais e solteiros, pais, filhos, os amigos na escola. Não queremos divulgar a mim, à Cristiane, mas a mensagem que passamos para que, então, aconteça uma mudança da sociedade a qual nos referimos na entrevista.